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O Evangelho para Nós e através de Nós

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“O Poder Salvador de Deus”

A morte e a ressurreição de Cristo funcionam como um ataque nuclear de Deus contra os Seus inimigos. Através delas, Deus obliterou as esperanças demoníacas de vitória e arrasou completamente o controlo mortal de Satanás — até então, quase nunca desafiado — sobre o mundo (o mundo de Deus, se me é permitido acrescentar). Cristo aniquilou os Seus inimigos; nunca mais se poderão erguer. Também providenciou uma saída para todos os que se encontravam sob o domínio de Satanás; o Evangelho é “o poder de Deus para a salvação” (Romanos 1:16). A vitória de Cristo é derradeira, decisiva, irreversível e de “proporções cósmicas”.

Tal como a vitória na Normandia predisse a emancipação inevitável da Europa da ditadura tirânica de Hitler, a ressurreição de Cristo assegura o triunfo seguro de Deus e do Seu povo — até aí sujeito a um domínio hostil, requerendo uma intervenção directa e imediata.

Como, então, pode alguém ligar-se correctamente a Deus? Como pode participar na vitória de Cristo? Como pode adquirir uma parte dos despojos? De facto, não preferia estar do lado vencedor? A verdade é que existem dois lados da história quanto ao relacionamento com Deus.

Primeiro, temos o lado humano. Nas Escrituras, somos repetidamente incentivados, com homilias, cânticos e sermões, a confiar em Cristo, entregando-Lhe as nossas vidas. Cristo prometeu receber de braços abertos todos os que se rendem e buscam o Seu perdão.

Noutras palavras, para podermos participar na conquista do Deus Rei, temos primeiro de ser conquistados por Ele. Ele não aceita negociações nem tem interesse em prisioneiros. É necessária uma rendição completa — a qual, surpreendentemente, culmina em amizade. Por que não O recebe hoje como seu Libertador e Amigo, em vez de, erradamente, O desafiar como adversário?

Do ponto de vista humano, a fé em Cristo é a única forma de obter a bênção do Pai (Efésios 2:8-9). E nem é assim tão complicado: se você ama o Filho, o Pai ama-o a si (confira João 14:23). Todos aqueles que têm filhos percebem esta lógica.

Segundamente, temos o lado divino, que diz respeito à forma como Deus une Cristo e a Sua obra com o povo pecaminoso e as suas necessidades. Em resumo, o objectivo de Deus é libertar o Seu povo, mediante a participação na vitória do Seu Filho. Mas como?

De forma sucinta, Deus “imagina” crentes “em Cristo” desde a criação do mundo. Ele escolheu-os “em Cristo” como receptáculos de bênçãos celestiais, envolvendo-as nas suas experiências pessoais à medida que o Espírito conduz cada indivíduo à fé (confira Efésios 1:3-4, 13-14). Mas até que ponto Deus considera como nossas as experiências e benefícios de Cristo? A resposta: completamente.

Deus considera-nos unidos a Cristo na Sua morte e ressurreição; assim, as bênçãos provenientes da vida de Cristo são transferidas para nós, a partir do momento da nossa conversão. A morte que ele padeceu, nós padecemos. A vida que Ele vive, nós vivemos (Romanos 6:4-5). A Sua vitória sobre o mundo, a carne (isto é, a nossa carne) e o diabo é também a nossa vitória. A Sua glória é a nossa glória (confira Efésios 2:6-7). Sim, podemos tomar parte dos despojos! Diariamente!

Uma Nova Dimensão de Existência

É à vista desta nova realidade em que vivemos — “em Cristo” — que Paulo nos exorta, nas suas treze cartas, a uma existência santa e alegre. É esta a estrutura teológica básica para os seus ensinamentos ao povo de Deus. Somos novas criaturas em Cristo Jesus (2 Coríntios 5:17).

O cristão experimenta uma mudança dimensional — uma transferência massiva e definitiva do reino das trevas para o reino da luz (Colossenses 1:13-14). Não mais nos arrastamos sem esperança debaixo da opressão da lei mosaica, do pecado, morte e julgamento. Fomos libertados do medo paralisante, resgatados da terra da culpa e transferidos para o domínio refrescante da liberdade e serviço do Rei. Agora dançamos ao som de um cântico novo!

Todos os dias recebemos provisões, sustento, ânimo e orientação da parte do Senhor dos Senhores. E mais ainda: Ele vai treinando as nossas mãos para a batalha, preparando os nossos corações para a vitória, e leva-nos a dominar nesta vida. Novamente, “vivemos, movemo-nos e existimos” de um modo totalmente novo. Estamos “em Cristo”.

Tal como a Sua morte foi também a nossa morte e a Sua vida é nossa, também a Sua batalha é agora a nossa batalha! Dada a nossa íntima união com a Sua vida (Colossenses 3:1-2), participamos com Ele na batalha contra o mal e os poderes espirituais hostis. De facto, só não estamos arruinados se O servirmos.

Alguém poderá perguntar: “Pensei que tinha dito que Satanás era um adversário derrotado. Como, então, pode lutar contra nós?” A resposta é simples. Para Sua glória e para nosso benefício, Deus decidiu executar o castigo contra Satanás de forma progressiva.

Assim, a punição de Satanás teve início aquando das vitórias da Igreja, continuando diariamente sempre que o povo redimido diz “sim” a Deus e “não” ao pecado e a Satanás. Eventualmente, irá culminar no castigo eterno do diabo no lago de fogo.

Portanto, no entretanto, cabe-nos batalhar contra as forças do mal e os seres espirituais que promovem a rebelião contra Deus. A batalha que o nosso Rei está a travar contra o pecado, a morte e o diabo requer a nossa participação, embora as armas que usemos não sejam carnais, mas espirituais (2 Coríntios 10:3-4).

Assim, oramos, amamos, servimos e sacrificamo-nos por Ele e pelos irmãos. Salgamos a terra com verdade e bondade (dois conceitos raramente vistos juntos por estes dias), procurando o bem no coração de cada pessoa. Tais acções trazem alegria a Jesus, e Ele utiliza-as para salvar outras pessoas, derrotar as trevas e estabelecer a justiça.

É bem verdade que nada acrescentamos à suficiência da morte redentora e ressurreição do Filho de Deus. Mas a obra que Ele realizou na cruz não é apenas a base da nossa salvação: é também um padrão para o nosso discipulado. Convoca-nos para um serviço sacrificial. Portanto, devemos lutar contra os poderes decaídos do universo, tal como Ele fez.

E Agora? Algumas Questões Importantes

Eis aqui uma revisão rápida da obra salvadora de Deus, da forma como se relaciona consigo, o crente, e da batalha a que é chamado a participar. À luz deste conhecimento, as minhas questões são bastante simples e directas, embora as respostas possam requerer alguma reflexão.

Primeiro: percebe realmente o que Deus fez por si em Cristo? Essa verdade já assentou em si, e corre agora nas suas veias? Funciona como a sua força vital? Ou será que permanece no exterior do seu coração, como alguém posto fora de casa, ao frio? Peça ao Senhor que inspeccione o íntimo do seu coração. Reflicta nas suas escolhas ao longo desta semana.

Segundo: compreende, portanto, que o Cristianismo bíblico não é uma religião de auto-ajuda? Não se trata de fazer com que boas pessoas sejam ainda melhores, mas com que pessoas mortas vivam! Há uma diferença abismal entre estas duas perspectivas! A primeira centra-se na religião; a segunda, na salvação divina. Quais são as implicações disto na sua necessidade do Espírito, força e poder de Deus (confira João 15:5-6)? Alguma vez pediu a Deus que viesse até si com poder, entendimento e sabedoria (confira Zacarias 4:5)?

Terceiro: nas suas circunstâncias actuais, como seria seguir o Senhor à semelhança de um bom soldado? Como seria para si e para a sua igreja batalhar contra a opressão, drogas, crime, injustiça, solidão, fome e trevas espirituais na vida das pessoas, nas escolas, ruas e comunidades?

Devemos esperar que as pessoas escureçam as portas das nossas igrejas, ou será que nos devemos mover e orar intensamente pela intervenção de Deus? Não estará na altura de procurarmos os líderes das nossas comunidades e de lhes oferecermos todo o nosso apoio? Graças à nossa vontade em servir, talvez vidas se transformem e o Evangelho seja escutado. Talvez encontremos Cristo à nossa frente, nas ruas e nos recreios das escolas!

A Igreja é a hermenêutica para o Evangelho, a grelha através da qual se pode interpretar Deus correctamente — o Seu carácter, desígnios e caminhos (confira 2 Coríntios 5:20). Contudo, a razão pela qual o mundo não compreende o Evangelho reside primeiramente nas acções da Igreja, que falam tão alto que as nossas palavras não são ouvidas.

A melhor forma de se ser ouvido — que eu tenha conhecimento — não é gritar mais alto, mas amar mais (confira Mateus 5:16). Pengunto-me como seria se assim acontecesse. Penso que é óbvio... O momento é agora! Chegou o momento de a Igreja se centrar em Deus e na Sua obra salvífica, concentrando-se em viver nesta verdade. Então, quando puder ver o Evangelho a agir através de nós (cristãos), o mundo compreenderá que o Evangelho é para nós (todos os seres humanos).

Tradução de C. Pinto Oliveira

Related Topics: Devotionals, Soteriology (Salvation)

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