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Lição 9: A Destruição da Coligação Amorita (Josué 10:1-43)

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O capítulo 10 descreve a campanha e vitória de Israel sobre a porção Sul de Canaã. Algo aconteceu para que Josué fosse presenteado com uma grande oportunidade militar, com vista a uma vitória rápida sobre uma quantidade de inimigos, em detrimento de uma campanha longa e arrastada contra as diversas cidades, uma a uma.

A Coligação Amorita (10:1-5)

10:1 E sucedeu que, ouvindo Adonizedec, rei de Jerusalém, que Josué tomara a Ai, e a tinha destruído totalmente, e fizera a Ai e ao seu rei como tinha feito a Jericó e ao seu rei, e que os moradores de Gibeon fizeram paz com os israelitas e estavam no meio deles, 10:2 Temeram muito; porque Gibeon era uma cidade grande, como uma das cidades reais, e ainda maior do que Ai, e todos os seus homens valentes. 10:3 Pelo que Adonizedec, rei de Jerusalém, enviou a Oam, rei de Hebron, e a Piram, rei de Jarmuth, e a Jafia, rei de Laquis, e a Debir, rei de Eglon, dizendo: 10:4 Subi a mim, e ajudai-me, e firamos a Gibeon; porquanto fez paz com Josué e com os filhos de Israel. 10:5 Então se ajuntaram, e subiram cinco reis dos amorreus; o rei de Jerusalém, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de Laquis, o rei de Eglon; eles e todos os seus exércitos; e sitiaram a Gibeon e pelejaram contra ela.

Estando muito alarmado com as notícias sobre as vitórias de Israel, como em Jericó e Ai, e tendo ouvido falar do pacto dos gibeonitas com Israel, que era visto como traiçoeiro, um dos reis do sul, Adonizedec (Senhor da Justiça), rei de Jerusalém, reuniu outros reis da região para atacarem Gibeão. Haviam pertencido à coligação amorita, que provavelmente era uma coligação defensiva contra forças invasoras. Assim, em retaliação e também por causa do medo face à união do poder dos gibeonitas com Israel, os cinco reis, listados em Josué 10:5, avançaram contra a cidade de Gibeão.

A deserção dos gibeonitas foi causa de grande alarme por três razões: (1) era desencorajante ver uma cidade tão grandiosa, com um excelente exército, render-se ao inimigo; (2) sem Gibeão, a coligação do Sul ficaria gravemente enfraquecida e (3) os gibeonitas constituíam uma quinta-coluna que lutaria por Israel em tempos de guerra. Embora não tivesse rei (veja o comentário em 9:11), Gibeão era “como uma das cidades reais”; era tão forte e influente como qualquer cidade-estado (confira 11:12). Existe um jogo de palavras entre “Gibeão” e “bons guerreiros”, que é literalmente gibborim. Boling (p. 279) define gibborim como “homens treinados no combate e suficientemente prósperos para poderem ter armamento, escudeiros e tempo livre para tal actividade”. 1

Salvação Miraculosa (10:6-15)

10:6 Enviaram, pois, os homens de Gibeon a Josué, ao arraial de Gilgal, dizendo: Não retires as tuas mãos dos teus servos; sobe, apressadamente, a nós, e livra-nos, e ajuda-nos, porquanto todos os reis dos amorreus que habitam na montanha se ajuntaram contra nós. 10:7 Então subiu Josué de Gilgal, ele e toda a gente de guerra com ele, e todos os valentes e valorosos. 10:8 E o Senhor disse a Josué: Não os temas, porque os tenho dado na tua mão: nenhum deles parará diante de ti.

10:9 E Josué lhes sobreveio de repente, porque toda a noite veio subindo desde Gilgal. 10:10 E o Senhor os conturbou diante de Israel, e os feriu de grande ferida em Gibeon; e seguiu-os pelo caminho que sobe a Betoron, e os feriu até Azeca e a Maqueda. 10:11 E sucedeu que, fugindo eles diante de Israel, à descida de Betoron, o Senhor lançou sobre eles, do céu, grandes pedras até Azeca, e morreram: e foram muitos mais os que morreram das pedras da saraiva, do que os que os filhos de Israel mataram à espada.

10:12 Então Josué falou ao Senhor, no dia em que o Senhor deu os amorreus na mão dos filhos de Israel, e disse, aos olhos dos israelitas: Sol, detém-te em Gibeon, e tu, lua, no vale de Ajalon. 10:13 E o sol se deteve, e a lua parou, até que o povo se vingou dos seus inimigos. Isto não está escrito no livro do Reto? O sol, pois, se deteve no meio do céu, e não se apressou a pôr-se, quase um dia inteiro: 10:14 E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor assim a voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel. 10:15 E tornou-se Josué, e todo o Israel com ele, ao arraial, a Gilgal.

Clamando Por Ajuda (vs. 6)

Confrontados com os exércitos da coligação e uma destruição certa, os gibeonitas enviaram um mensageiro a Josué, pedindo auxílio com base no seu tratado com Israel.

A Resposta de Josué e Israel (vs. 7)

Humanamente falando, esta era a oportunidade perfeita para que Josué se livrasse dos gibeonitas. Por que não haveria Josué de simplesmente ignorar o próprio povo que os tinha enganado? Por que não deixar que a coligação os destruísse, livrando-o do embaraço? Existiam pelo menos duas razões pelas quais ele não podia fazer isso: primeiro, enquanto homem de integridade que honrava a sua palavra, Josué não considerava tal coisa uma opção. Tinham dado a sua palavra e estavam obrigados a honrá-la. Em segundo lugar, esta situação proporcionava uma oportunidade militar única. Em vez de uma campanha longa e arrastada contra uma cidade de cada vez, tal acontecimento deu-lhes a oportunidade de derrotarem e destruírem vários exércitos de uma vez só.

A Promessa do Senhor (vs. 8)

O facto de Deus dar agora esta promessa pode sugerir que Josué inquirira do Senhor e recebera tal resposta e promessa. Com todos estes reis a avançarem juntos, existira decerto alguma dose de preocupação no coração de Josué. A situação era urgente, e a palavra de encorajamento de Deus, assim como a Sua promessa de vitória, eram certamente necessárias.

A Batalha Descrita (vss. 9-15)

O nosso texto diz-nos que Josué e os seus homens marcharam durante toda a noite, percorrendo cerca de 25 milhas (40 quilómetros), sempre a subir (alguns 4,000 pés ou 1220 metros) sobre terreno íngreme e difícil. Tal significava que, sem qualquer oportunidade para descansar, os seus guerreiros estariam cansados. Precisariam certamente da força soberana do Senhor. Marchando na escuridão, Josué foi capaz de tomar o inimigo de surpresa, tendo isto gerado desordem no acampamento adversário. Para além disso, Deus enviou pedras de saraiva, responsáveis por matar ainda mais oponentes do que aqueles que Josué e o seu exército foram capazes de aniquilar.

Esta passagem proporciona um excelente exemplo da interacção entre a obra de Deus e do homem para o alcance da vitória. Como Campbell salienta: “existem certamente ocasiões nas quais nada mais poderemos fazer se não esperar que Deus actue; mas, usualmente, devemos fazer a nossa parte, dependendo de Deus para que faça a Sua”. 2 Assim, encontra-se aqui outro exemplo no qual os esforços do homem e a intervenção soberana de Deus cooperaram, mas a ênfase clara está no facto de ter sido o Senhor a providenciar a vitória. Deus dá-nos responsabilidades, coisas para fazer. Devemos rezar, testemunhar e servir outros de muitas maneiras mas, em última análise, temos de compreender que, se vier a existir vitória, quem a dará será Deus.

Devemos também lembrar que estes cananeus eram aqueles que adoravam deuses da natureza. Que choque quando perceberam que esses deuses, nos quais haviam colocado a sua fé, eram inúteis contra o Deus de Israel. Talvez tenham pensado que os seus próprios deuses estivessem a ajudar os israelitas.

Com o versículo 12, movemo-nos para um dos grandes milagres da Bíblia. É frequentemente denominado “o dia longo de Josué” ou “o dia em que o Sol parou”. Este é o mais grandioso dos quatro milagres encontrados no livro de Josué: (a) A divisão das águas do Rio Jordão (3:7-17); (b) A destruição de Jericó (6:1-27); (c) A saraiva e a espada destroem os inimigos dos gibeonitas (10:1-11); (d) O Sol e a Lua ficam parados (10:12-15). Qual era o propósito deste milagre?

o dia da batalha em Betoron estava a terminar, e Josué sabia que a perseguição do inimigo seria longa e árdua. No máximo, o líder militar dispunha de 12 horas de luz solar. Precisava claramente de mais tempo para que pudesse observar o cumprimento da promessa de Deus (v. 8) e a aniquilação total dos seus adversários. Portanto, Josué fez um pedido invulgar ao Senhor: Sol, detém-te em Gibeon, e tu, lua, no vale de Ajalon.

10:13-15. Era meio-dia e o Sol quente encontrava-se no seu zénite quando Josué proferiu esta oração. A Lua estava no horizonte, a Oeste. O pedido foi rapidamente ouvido pelo Senhor. Josué orou com fé e, em resultado, deu-se um grande milagre. Porém, o registo deste milagre tem sido considerado um dos exemplos mais notáveis do conflito entre a Escritura e a ciência porque, como é bem sabido, o Sol não se move em torno da Terra para originar o dia e a noite. Em vez disso, a luz e a escuridão advêm de a Terra rodar no seu eixo à volta do Sol. Por que, então, se dirigiu Josué ao Sol em vez de à Terra? Simplesmente porque estava a usar a linguagem da observação; falava a partir da perspectiva e aparência das coisas na terra. As pessoas ainda fazem isso, mesmo na comunidade científica. Almanaques e jornais registam as horas do nascer e do pôr-do-sol e, apesar disso, ninguém os acusa de erro científico. 3

Mas como é suposto explicarmos este quarto milagre no livro de Josué? A este respeito, Ryrie escreve:

As perspectivas concernentes a este fenómeno agrupam-se em duas categorias. A primeira assume um abrandamento ou suspensão da rotação normal da Terra, de modo a ter havido horas extras nesse dia (12 ou 24). Deus fez isso a fim de que as forças de Josué pudessem completar a sua vitória antes que o inimigo tivesse uma noite para descansar e se reagrupar. O termo hebraico para “se deteve” (v. 13) é um verbo de movimento, indicando um abrandamento ou paragem da rotação da Terra sobre o seu eixo (que não afectaria o movimento da Terra em torno do Sol). O versículo 14 indica que aquele foi um dia único na história do mundo. A segunda categoria inclui perspectivas que assumem a ausência de irregularidades na rotação da Terra. Uma tal visão argumenta acerca do prolongamento da luz do dia graças a alguma forma incomum de refracção dos raios solares. Assim, existiram mais horas de luz, mas não mais horas no dia. Outra perspectiva supõe um prolongamento do período de semi-escuridão, dando alívio do sol ardente aos homens de Josué, sendo isto possível por Deus ter enviado uma incomum tempestade de saraiva de Verão. Esta visão interpreta o termo “deter-se” no versículo 13 como significando “ficar quieto” ou “cessar”, indicando que o Sol estava encoberto pela tempestade, não tendo sido acrescentadas horas extras ao dia. Os versículos 12-15 são citados do Livro do Justo (ou Recto), uma colecção de cânticos de louvor aos heróis de Israel (também em 2 Sam. 1:18).4

A respeito das dificuldades desta passagem, Boice afirma:

Confesso não ter grandes convicções quanto ao que terá acontecido e, à medida que leio os diversos artigos e livros disponíveis, sinto que também ninguém tem convicções muito fortes acerca deste tópico. Não acredito que as palavras sejam poesia, apesar de terem estado no Livro do Justo, um livro amplamente poético. Duvido que a Terra tenha efectivamente parado a sua rotação, e ainda mais que o Sol e a Lua parassem na sua passagem pelo Espaço. Tenho tendência a pensar que foram usados por Deus outros fenómenos para prolongar a luz do dia, mas não sei, e tudo o que posso dizer é que me contento com aguardar até que o próprio Deus revele precisamente o que aconteceu. O que é certo é que Deus fez algo para dar aos exércitos judeus uma vitória completa e decisiva.5

A Derrota da Restante Porção Sul de Canaã (10:16-43)

16 Aqueles cinco reis, porém, fugiram, e se esconderam numa cova em Maqueda. 17 E foi anunciado a Josué, dizendo: Acharam-se os cinco reis escondidos numa cova em Maqueda. 18 Disse, pois, Josué: Arrojai grandes pedras à boca da cova, e ponde sobre ela homens que os guardem: 19 Porém vós, não vos detenhais; segui os vossos inimigos, e feri os que ficaram atrás: não os deixeis entrar nas suas cidades, porque o Senhor, vosso Deus, já vo-los deu na vossa mão. 20 E sucedeu que, acabando Josué e os filhos de Israel de os ferir com grande ferida, até consumi-los, e que os que ficaram deles se retiraram às cidades fortes, 21 Todo o povo se tornou em paz a Josué, ao arraial em Maqueda, não havendo ninguém que movesse a sua língua contra os filhos de Israel.

22 Depois disse Josué: Abri a boca da cova, e trazei-me aqueles cinco reis, para fora da cova. 23 Fizeram, pois, assim, e trouxeram-lhe aqueles cinco reis para fora da cova: o rei de Jerusalém, o rei de Hebron, o rei de Jarmuth, o rei de Laquis, e o rei de Eglon. 24 E sucedeu que, trazendo aqueles reis a Josué, Josué chamou todos os homens de Israel, e disse aos capitães da gente de guerra, que com ele foram: Chegai, ponde os vossos pés sobre os pescoços destes reis. E chegaram, e puseram os seus pés sobre os seus pescoços. 25 Então Josué lhes disse: Não temais, nem vos espanteis: esforçai-vos e animai-vos; porque assim fará o Senhor a todos os vossos inimigos, contra os quais pelejardes. 26 E depois disto, Josué os feriu, e os matou, e os pendurou em cinco madeiros; e ficaram enforcados nos madeiros até à tarde. 27 E sucedeu que, ao tempo do pôr-do-sol, deu Josué ordem que os tirassem dos madeiros; e lançaram-nos na cova onde se esconderam; e puseram grandes pedras à boca da cova, que ainda ali estão, até ao mesmo dia de hoje.

28 E naquele mesmo dia, tomou Josué a Maqueda, e feriu-a a fio de espada, e destruiu o seu rei, a eles, e a toda a alma que nela havia; nada deixou de resto: e fez ao rei de Maqueda como fizera ao rei de Jericó.

29 Então Josué, e todo o Israel com ele, passou de Maqueda a Libna, e pelejou contra Libna; 30 E também o Senhor a deu na mão de Israel, a ela e a seu rei, e a feriu a fio de espada, a ela e a toda a alma que nela havia; nada deixou de resto; e fez ao seu rei como fizera ao rei de Jericó.

31 Então Josué, e todo o Israel com ele, passou de Libna a Laquis: e a sitiou, e pelejou contra ela; 32 E o Senhor deu a Laquis na mão de Israel, e tomou-a no dia seguinte, e a feriu a fio de espada, a ela, e a toda a alma que nela havia, conforme a tudo o que fizera a Libna.

33 Então Oran, rei de Gezer, subiu a ajudar a Laquis; porém Josué o feriu, a ele e ao seu povo, até que nenhum lhe deixou de resto. 34 E Josué, e todo o Israel com ele, passou de Laquis a Eglon; e a sitiaram, e pelejaram contra ela; 35 E no mesmo dia a tomaram, e a feriram a fio de espada; e a toda a alma que nela havia destruiu totalmente, no mesmo dia; conforme a tudo o que fizera a Laquis.

36 Depois, Josué, e todo o Israel com ele, subiu de Eglon a Hebron, e pelejaram contra ela; 37 E a tomaram, e a feriram ao fio de espada, assim ao seu rei como a todas as suas cidades, e a toda a alma que nelas havia; a ninguém deixou com vida, conforme a tudo o que fizeram a Eglon; e a destruiu totalmente, a ela e a toda a alma que nela havia.

38 Então Josué, e todo o Israel com ele, tornou a Debir, e pelejou contra ela; 39 E tomou-a, com o seu rei, e a todas as suas cidades, e as feriram a fio de espada, e a toda a alma que nelas havia destruíram totalmente; nada deixou de resto; como fizera a Hebron, assim fez a Debir e ao seu rei, e como fizera a Libna e ao seu rei.

40 Assim, feriu Josué toda aquela terra, as montanhas, o sul, e as campinas, e as descidas das águas, e a todos os seus reis; nada deixou de resto; mas tudo o que tinha fôlego destruiu, como ordenara o Senhor, Deus de Israel. 41 E Josué os feriu desde Cades-bárnea, e até Gaza; como também toda a terra de Gosen, e até Gibeon. 42 E de uma vez tomou Josué todos estes reis e as suas terras; porquanto o Senhor, Deus de Israel, pelejava por Israel. 43 Então Josué, e todo o Israel com ele, se tornou ao arraial em Gilgal. (Josué 10:16-43)

Os cinco reis e os seus exércitos haviam deixado a segurança das suas cidades fortificadas a fim de combaterem Josué e o seu exército em campo aberto, dando a Josué uma grande vantagem. Estava determinado a impedi-los de escaparem para a segurança das suas muralhas, o que prolongaria a campanha contra aquela porção da terra. O versículo 17 informa-nos que, assim que Josué recebeu o relato de que os reis estavam escondidos numa caverna, ordenou que a entrada da mesma fosse selada com grandes rochas, sendo nomeados homens para a guardarem. A captura dos cinco reis era um evento importante, mas existiam assuntos mais urgentes. Lidaria com eles mais tarde, pois a preocupação mais premente era a perseguição dos exércitos em fuga. Observamos aqui a sabedoria de um líder que põe em primeiro lugar as coisas mais importantes. Tal é visto na afirmação: “Mas não se atrasem! Persigam os vossos inimigos e apanhem-nos! Não permitais que se retirem para as suas cidades, pois o SENHOR vosso Deus está a entregá-los nas vossas mãos”. Repare na forma como, uma vez mais, vemos a combinação entre o raciocínio de responsabilidade humana e sabedoria táctica de Josué e a fé n’Aquele que realmente dá a vitória.

Somente depois de a batalha estar terminada e de o exército de Israel ter destruído totalmente o inimigo é que Josué voltou a sua atenção para os cinco reis. A este respeito, fez duas coisas principais. Primeiro, segundo um antigo costume oriental, por vezes retratado em monumentos egípcios e assírios, Josué fez os reis derrotados prostrarem-se no pó diante dele e dos seus comandantes. Em seguida, chamou os comandantes, para que viessem e colocassem os pés sobre os pescoços dos cinco reis, símbolo de vitória e completa submissão. Mas Josué, o sábio chefe, fez mais do que isso. Utilizou isto como uma oportunidade para focar os seus comandantes e o exército no Senhor. Estando os pés dos seus comandantes sobre os pescoços dos reis, Josué disse: “Não tenham medo nem entrem em pânico! Sejam fortes e corajosos, pois o Senhor fará a mesma coisa a todos os inimigos que combaterem”. Em seguida, executou os cinco reis, suspendendo-os em cinco árvores até à tarde (vs. 26). Assim, a derrota dos cinco reis e dos seus exércitos providenciou a vitória completa sobre o Sul de Canaã.

Os versículos 40-43 encerram o capítulo dizendo-nos que Josué subjugou totalmente a terra de acordo com as suas quatro regiões: as montanhas, o Negeb (a área desértica, mais distante, a Sul), as colinas ocidentais e as encostas montanhosas. Como é que ele fez isto? “…o Senhor, Deus de Israel, pelejava por Israel”.  Assim, o capítulo termina com um tópico familiar na Escritura. A batalha é do Senhor e Ele lutará pelo Seu povo.

A nossa necessidade é mantermos n'Ele os nossos olhos, obedecer-Lhe e, acima de tudo, confiar na Sua força mais do que na nossa. Isto irá frequentemente significar empreender grandes esforços, tal como vimos Israel fazer, enquanto sabemos que o Senhor também está a trabalhar para nos capacitar e lutar por nós.

Sou recordado dos comentários de Paulo em Colossenses. Falando da sua vocação e do grande esforço envolvido na proclamação de Cristo erguido, ele escreveu: “A quem anunciamos, admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem, em toda a sabedoria, para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo; E para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que obra em mim poderosamente” (Col. 1:28-29, ênfase minha).

Na sua conclusão a este capítulo, que intitulou People Who Know Their God (O Povo que Conhece o Seu Deus), Dr. Don Campbell realça um aspecto que providencia realmente uma conclusão adequada para este estudo sobre o livro de Josué. Ele escreve:

A maioria de nós aprende, bem cedo na nossa experiência cristã, que não enfrentamos apenas um inimigo. Enfrentamos uma coligação de forças malvadas que se juntaram na tentativa de nos destruir. Tais inimigos são comummente chamados "o mundo", "a carne" e "o diabo". O mundo pressiona-nos, martela-nos e tenta conformar-nos ao seu molde. A carne é a essência pecaminosa dentro de nós que nos trai, enfraquece e ludibria, ainda que queiramos servir a Deus com as nossas mentes e corpos. O diabo é o mestre estrategista neste ataque contra nós e, por vezes, ataca-nos abertamente, outras vezes astuciosamente, mas sempre com uma noção infalível de onde se encontram as nossas fraquezas. 

Juntos, o mundo, a carne e o diabo formam uma combinação invencível – ou seriam invencíveis, se não fosse a intervenção salvadora de Deus. Sem Deus, a vitória contra uma tal aliança é impossível. Com Deus, a vitória está assegurada...

Josué era um homem que conhecia Deus acima de tudo o resto. Os resultados estão aqui registados de forma impressionante. Conforme Daniel mais tarde escreveu, "O povo que conhece ao seu Deus se esforçará e fará proezas" (Dan. 11:32). Para Josué, para Daniel e para você e eu, a chave da vitória é conhecer Deus pessoalmente e confiar completamente n'Ele. 6

Como vimos no material introdutório deste estudo, Josué é o livro da possessão no qual Israel, sob a liderança de Josué, toma posse do que lhe foi dado por Deus, mas não sem antes ter de avançar contra forças hostis. A vida cristã é precisamente assim. Em Cristo, fomos abençoados com toda a bênção espiritual (Efésios 1:3). N'Ele, estamos completos (Col. 2:10); mas, para nos apropriarmos dessas bênçãos, é necessária fé na obra realizada por Cristo, bem como esforço pessoal, não na carne, mas nas disciplinas da piedade – coisas como a oração, o estudo da Bíblia, a meditação na Palavra de Deus e o contacto regular com outros crentes para encorajamento.

7 Assim, como diz o Espírito Santo: “Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, 8 não endureçam o coração, como na rebelião, durante o tempo da provação no deserto, 9 onde os seus antepassados me tentaram, pondo-me à prova, apesar de, durante quarenta anos, terem visto o que eu fiz. 10 Por isso fiquei irado contra aquela geração e disse: O seu coração está sempre se desviando, e eles não reconheceram os meus caminhos. 11 Assim jurei na minha ira: Jamais entrarão no meu descanso”.

12 Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. 13 Ao contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama “hoje”, de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado, 14 pois passamos a ser participantes de Cristo, desde que, de facto, nos apeguemos até o fim à confiança que tivemos no princípio. 15 Por isso é que se diz: “Se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião”.

16 Quem foram os que ouviram e se rebelaram? Não foram todos os que Moisés tirou do Egipto? 17 Contra quem Deus esteve irado durante quarenta anos? Não foi contra aqueles que pecaram, cujos corpos caíram no deserto? 18 E a quem jurou que nunca haveriam de entrar no seu descanso? Não foi àqueles que foram desobedientes? 19 Vemos, assim, que por causa da incredulidade não puderam entrar. (Hebreus 3:7-19, Nova Versão Internacional)

7 Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade; 8 Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há-de vir. (1 Timóteo 4:7-8, Versão Almeida Revista e Corrigida)

Texto original de J. Hampton Keathley, III.

Tradução de C. Oliveira.


1 Expositors Bible Commentary, versão electrónica.

2 John F. Walvoord, Roy B. Zuck, Editors, The Bible Knowledge Commentary, Victor Books, Wheaton, 1983,1985, versão electrónica.

3 Walvoord e Zuck, versão electrónica.

4 Charles C. Ryrie, Ryrie Study Bible, p. 347-348.

5 Boice, pp. 113-114.

6 Campbell e Denny, pp. 148-149.

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