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Lição 1: O Comissionamento de Josué (Josué 1:1-18)

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De várias formas, a preparação para a invasão e conflito diante de Josué e o povo começa neste capítulo. É significante notar que esta preparação, no capítulo 1, procede da comunicação de Deus. Primeiramente, Deus fala e comissiona Josué (1:1-5), incitando-o depois a ser forte e corajoso (1:6-9). Em seguimento das palavras de Deus, Josué dirige-se ao povo e dá-lhe instruções a fim de que se prepare para atravessar o Jordão no espaço de três dias (1:10-15). A isto segue-se a resposta do povo, cuja fonte recaía obviamente na Palavra de Deus (1:16-18). A revelação de Deus deve sempre ser seguida de uma resposta que tenha em conta a Sua Palavra inspirada.

A Comissão Dada
(1:1-5)

1 E sucedeu, depois da morte de Moisés, servo do Senhor, que o Senhor falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés, dizendo: 2 Moisés, meu servo, é morto. Levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel. 3 Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé vo-lo tenho dado, como eu disse a Moisés. 4 Desde o deserto e desde este Líbano, até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus, e até o grande mar, para o poente do sol, será o vosso termo. 5 Nenhum se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida: como fui com Moisés, assim serei contigo: não te deixarei, nem te desampararei.

A vitória e possessão da terra que se seguem são o resultado directo da Palavra de Deus e de um homem, neste caso Josué, que escuta e responde à Sua Palavra. Tal deverá ilustrar que não existe qualquer vitória ou hipótese de experimentarmos as bênçãos da nossa nova vida em Cristo se nos apartarmos da Palavra de Deus. Logo que um crente começa a desviar-se da Palavra, por indiferença ou apatia motivadas por uma qualquer razão, está na verdade a desviar-se do Senhor e a dirigir-se à derrota.

A comissão de Josué dá-se apenas após a morte de Moisés (versículos 1-2). Isto é significante. A missão de Josué e a continuação dos propósitos de Deus quanto a introduzir Israel na terra prometida, por certas razões tipológicas, chegam somente depois do falecimento de Moisés. Porquê?

Moisés fora o grande legislador que representara a Lei do Sinai, aquela legislação fantástica que demonstra a santidade perfeita de Deus e a condição pecaminosa do homem, que se mantém separado de Deus (Rom. 3:23). Contudo, a Lei, embora santa e boa, jamais poderia dar vida ou espiritualidade, nem providenciar justificação. Era antes um ministério da morte, revelando o homem como pecador e sob o domínio do pecado (2 Cor. 3:7; Rom. 7:7; Gál. 3:19-22).

Moisés retratava a lei que não consegue conduzir-nos à vida abundante e salvadora de Cristo. Era apenas uma tutora, uma serva que cedo se retiraria (Gál. 3:23 ss). Embora apontasse para Cristo no tabernáculo, sacerdócio e sacrifícios, não conseguia remover o pecado ou providenciar a salvação a partir da carne. Porquê? Porque era fraca no aspecto em que dependia do homem e da sua habilidade (Rom. 8:3-4). A Lei conferia um padrão justo, mas não poder ou graça para a carne ou pecado interior (Rom. 6:14; 8:3 ss).

Assim, Moisés tinha de sair de cena antes de Josué poder ser comissionado e receber ordens no sentido de liderar o povo pelo Jordão e até à Terra Prometida. Uma razão adicional está patente no nome de Josué, que tão claramente nos lembra que "Yahweh É Salvação". Enquanto equivalente hebraico de "Jesus", Josué tipifica o Senhor Jesus e a Sua vida redentora, que não só nos proporciona redenção, mas também o poder de que necessitamos a fim de entrarmos na posse das nossas possessões em Cristo.

Com a menção da morte de Moisés, é dito a Josué "Levanta-te, pois, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo". Em jeito de aplicação para os tempos de hoje, as palavras "Levanta-te, pois, agora" (com vista à morte de Moisés e ao que a mesma representava) ensinam-nos uma verdade: nenhum homem pode viver a vida cristã mantendo um conjunto de leis ou tabus. Embora a vida cristã envolva obediência aos princípios e imperativos da Palavra, é mais do que isso. É uma vida para ser vivida pela fé no poder de Deus. Não nos é simplesmente possível viver a vida cristã recorrendo à nossa própria energia ou determinação. Uma existência cristã não consiste somente em ser o Senhor Simpático ou em manter meramente um conjunto de princípios e regras cristãs. É uma relação fiel com Deus para ser vivida no poder do Espírito e à luz da Palavra.

Com as Palavras “levanta-te, passa este Jordão”, o Senhor está a dizer “sai do deserto e move-te para Canaã”. A vontade de Deus para o fiel nunca se encontra no deserto. Está antes em Canaã, o lugar da salvação e da conquista. “Levanta-te, passa” afirma, pelo paralelismo com a verdade do Novo Testamento, “pega na tua armadura, usa os teus recursos sobrenaturais, pára de confiar em ti mesmo, confia em mim e vai”.

“Tu e todo este povo” ilustra que a espiritualidade não se destina a apenas alguns eleitos, mas que está disponível para qualquer crente. A vida cristã abundante e madura é o plano de Deus para cada fiel. É apenas limitada pela nossa falta de disponibilidade face à sua disponibilidade constante para nós. Todo o crente é abençoado com toda a bênção espiritual, constituindo um sacerdote de Deus, com graça abundante disponível em qualquer situação. Devemos relembrar que todo o Israel saiu do Egipto da mesma maneira – graças à fé na graça de Deus –, e cruzaria o Jordão exactamente da mesma forma – pela fé na salvação de Deus.

As palavras “à terra que eu dou aos filhos de Israel” e, no versículo 3, “todo o lugar” ilustram a verdade de Efésios 1:3 e Colossenses 2:10. “Que eu dou” e “vo-lo tenho dado” mostram que Deus estava então a providenciar-lhes o que lhes pertencia desde há muito tempo. Josué 2:9-11 revela que a terra fora virtualmente deles por 40 anos. Estava meramente à espera de ser possuída. De modo semelhante, Deus concedeu a cada fiel toda a bênção espiritual e provisão desde o momento da salvação. Obviamente, tal como este livro deixa claro, ter um título de propriedade sobre a terra (ou sobre as nossas bênçãos em Cristo) não significa que as nossas vidas se mantenham sem provas, conflitos, lutas e pressões. De facto, terão todas essas coisas; mas, uma vez que a batalha é do Senhor e que Deus fez a maior parte por nós em Cristo, com as provações e tentações virá a salvação de Deus, pela fé e aplicação da Palavra.

No versículo 5, é feita a Josué a promessa “nenhum se susterá diante de ti”; porém, esta promessa é também um aviso. Embora a terra fosse deles, não seria tomada sem conflito ou batalha. De modo semelhante, tal como a terra de Canaã estava cheia de cidades fortificadas e de inimigos que precisavam de ser expulsos, também a vida cristã é uma existência de conflito contra inimigos que necessitam de ser vencidos. Não obstante o resultado estar assegurado caso reclamemos os recursos de Deus e a vida salvadora de Cristo, temos mesmo assim de batalhar e de lidar com a existência do inimigo durante esta vida. Este é um chamamento para despertarmos, uma realidade que necessita de ser enfrentada: a vida está cheia de batalhas e conflitos. Não estamos no Éden nem no reinado milenar de Cristo. Em vez disso, debatemo-nos com a carne (o pecado interior), com o demónio e poderes sobrenaturais da escuridão, bem como com um sistema mundial antagonista de Deus, da Sua Palavra e de uma conduta piedosa (compare com Rom. 7:15 ss; Gál. 5:16 ss; Efé. 5:15-16; 6:10 ss; 1 Ped. 5:8-9).

Ainda assim, o lado positivo é o de que estas palavras - “nenhum se susterá diante de ti” – são também uma promessa de salvação contínua, batalha após batalha. Graças à adequabilidade da vida salvadora de Cristo, através da obra que finalizou na cruz, da Sua presença triunfante à direita de Deus, da nossa identificação com Ele na Sua morte, ressurreição e assembleia no Céu, e mediante o dom do Espírito Santo, não existe inimigo que possamos enfrentar que o Senhor (o nosso Josué) não tenha já conquistado. A nossa necessidade centra-se em tomarmos posse daquilo que Ele já fez por nós, através da aplicação sábia e fiel da Sua Palavra.

Embora ainda activo e vagueando, o poder de Satanás foi quebrado e é-nos possível resistir aos seus enganos e ataques. Mesmo que o princípio do pecado ainda habite cá dentro ou que a carne esteja activa nos nossos membros, o seu poder sobre nós foi boicotado graças à nossa união com Cristo na Sua morte e ressurreição. Tal significa que a vitória de possuir as nossas possessões é conferida através do dom do Espírito Santo (Rom. 6 e 8) e do poder santificador de uma vida cheia da Palavra (João 17:17; Efé. 5:18; Col. 3:16).

Aplicação: Todos nós alimentamos o desejo de viver num mundo ideal, no qual a vida decorre suavemente, sem problemas ou stress. De facto, fomos criados para tal, e não há nada de errado em ansiar pelo tempo que chegará com a vinda do Senhor Jesus, nosso Josué. Mas as doutrinas da apostasia dos últimos dias, a natureza malvada desta era, bem como a presença dos nossos três inimigos, são recordações constantes de que jamais poderemos gozar da verdadeira paz mundial e duradoura sem o retorno do Senhor. Temos de enfrentar os factos e estar preparados para lidar com a vida da forma que esta realmente é. Em Cristo, somos superconquistadores e, através da Sua vida salvadora, podemos ultrapassar as batalhas individuais da vida, embora precisemos de estar preparados para militar a boa milícia.

Todos gostamos de nos mover sem nada que atrapalhe os nossos horários ou nos obrigue a sair da nossa zona de conforto. Assim que tentamos escapar da luta, Deus lança-nos de novo na realidade mediante alguma condição ou experiência desagradável, e deparamo-nos novamente com o mundo. Depois das férias, temos de voltar ao trabalho e lidar com aquele colega tão difícil de suportar. Estamos a ir bem quando, de repente, aparece uma ameaça à nossa saúde ou à da nossa esposa ou filho. Ou quiçá enfrentemos a morte de um ente-querido, que nos traz mágoa e solidão, bem como novas pressões e responsabilidades. Assim acontece na sua vida e na minha, mas as palavras “Nenhum se susterá diante de ti, todos os dias da tua vida” irrompem nas nossas existências trazendo duas realidades: um aviso e uma promessa.

As palavras “como fui com Moisés, assim serei contigo: não te deixarei, nem te desampararei” canalizam a nossa atenção para uma das maiores verdades da Bíblia. Israel entraria na terra da mesma forma que saíra do Egipto. De modo semelhante, entramos na vida abundante de Cristo da mesma forma que somos salvos da ira – através da fé na vida salvadora de Cristo. Assim como confiámos em Cristo e nas proezas da cruz em termos de justificação e redenção, temos de confiar nessas realizações como base da nossa segurança e resgate diário (Rom. 6:4-11; Col. 2:6-3:3).

O Apelo à Coragem
(1:6-9)

6 “Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei aos seus pais lhes daria. 7 Tão somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que o meu servo, Moisés, te ordenou: dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas, por onde quer que andares. 8 Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes, medita nele, dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar o teu caminho, e, então, prudentemente te conduzirás. 9 Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não pasmes, nem te espantes: porque o Senhor, teu Deus, é contigo, por onde quer que andares.”

Enquanto os primeiros cinco versículos se relacionam com a comissão de Josué, a ter início após a morte de Moisés, o grande impulso dos versículos 6-9 diz respeito a algo vital para que Josué fosse capaz de assim agir – e o que foi verdade para Josué é igualmente verdadeiro para nós.

Existe uma palavra ou tema repetidos pelo menos três vezes nestes versículos que precisamos de captar e relacionar connosco. Por três vezes Deus diz a Josué: “Esforça-te, e tem bom ânimo” (1:6, 7, 9). Mais tarde, uma vez que tal diz respeito à sua obediência a Deus, Josué repetirá o mesmo comando ao povo (1:18; 10:25), que de igual modo enfrentará os desafios e o cumprimento dos propósitos de Deus para a nação – habitar na terra como uma nação sacerdotal, representante de Deus diante das nações.

Portanto, o assunto diante de Josué consistia num apelo para ser forte e corajoso, em vista do cargo de liderança que lhe estava a ser passado. Deus estava a chamá-lo para um ministério muito especial e difícil, com desafios tremendos e obstáculos bastante para lá das suas próprias capacidades. Porém, a vida de cada um de nós está repleta de desafios deste género, por isso não passemos adiante sem repararmos na aplicação pessoal que esta ideia poderá ter em cada um de nós. Os versículos 6-9 são fundamentais para se obter a força e coragem requeridas para os desafios de qualquer ministério ou responsabilidade.

Esta passagem não se destina apenas a uma classe especial de líderes, como pastores ou missionários. Deus convocou cada um de nós para o ministério. Nenhum crente está exempto. Todos nós temos dons, todos somos sacerdotes de Deus e líderes em algum sentido, com responsabilidades pessoais para com outros, seja como anciãos, diáconos, pais e mães, etc.

Frequentemente, as pessoas fogem do ministério ou de situações difíceis devido ao medo ou aos obstáculos. Tal como a anterior geração de Israelitas falhara em entrar na terra e em tomar posse das suas possessões por causa da descrença e de medo de gigantes, também nós estamos sujeitos a não penetrar no chamamento de Deus nas nossas vidas.

Aplicação: Sem a força e coragem pessoal de Deus, fracassaremos no que toca a enfrentar os desafios ou a assumir as responsabilidades para as quais Deus nos convoca. Outros, por serem demasiado autoconfiantes, talvez procurem fazer tudo sozinhos, uma maneira igualmente errada de tentar servir o Senhor, tal como veremos ilustrado no capítulo 7, com a derrota em Ai.

Falando em termos bíblicos, de onde provêm a força moral e a coragem, e será que significam a ausência de medo? A força moral e a coragem provêm (1) da fé na soberania e provisão de Deus e (2) no facto de estarmos convencidos de que aquilo que fazemos é justo e o mais acertado, bem como essencial à vida. Mas há muito mais, como esta passagem nos mostrará. A coragem é aquela qualidade mental que permite ao homem enfrentar o perigo e a dificuldade com firmeza e resolução, apesar dos seus medos interiores (compare com 1 Cor. 2:3; 2 Cor. 7:5). Por outras palavras, a coragem não é a ausência de medo. Embora não procurasse o perigo nem presumisse do Senhor, Paulo nunca se evadiu de algo que soubesse ser correcto ou a vontade de Deus. No seu excelente livro acerca de liderança espiritual, J. Oswald Sanders escreveu:

Coragem do mais alto nível é requerida de um líder espiritual – sempre coragem moral e, frequentemente, coragem física também…

Martin Luther possuía esta importante qualidade numa medida excepcional. Foi já declarado que talvez tenha sido o homem mais corajoso que alguma vez viveu. Ao partir na sua momentosa viagem até Worms, afirmou “Podeis esperar tudo de mim, excepto medo ou retracção. Não fugirei, nem muito menos me retrairei.” Os seus amigos, avisando-o dos graves perigos que corria, procuravam dissuadi-lo. Mas Luther não podia ser dissuadido. “Não ir até Worms?”, disse. “Iria até Worms nem que existissem tantos demónios como telhas nos telhados.”…

Contudo, nem todos os homens são por natureza tão corajosos como Luther, sendo esse facto tanto implícito como explícito nas Escrituras. O grau mais elevado de coragem é visto na pessoa mais receosa, mas que se recusa a sucumbir ao medo. Não obstante quão amedrontados pudessem estar, os líderes de Deus em sucessivas gerações foram instruídos a ter bom ânimo. Caso estivessem sem medo, esta ordem não faria sentido.1

Portanto, de onde vêm a força e a coragem? Os conceitos seguintes ensinam-nos vários pontos importantes:

(1) A força e a coragem provêm de Reconhecer e Relacionar-se com o prazer de Deus (a Sua vontade), tendo uma noção do chamamento de Deus e do destino (1:1-2).

Conhecer a Palavra de Deus, a Sua vontade claramente revelada, conjuntamente com o reconhecimento dos dons, habilidades e treino de cada um, partes integrantes de compreender o Seu prazer ou vontade para a vida de alguém, é fundamental para encontrar a força e coragem necessárias para aceitar qualquer área de responsabilidade no ministério. Sem esta compreensão, uma pessoa dificilmente terá motivação ou coragem para se encaminhar em direcção aos ministérios que Deus a chama a executar.

Existe um processo específico a ser notado nos versículos 1-9. Primeiramente, a Palavra de Deus é dirigida a Josué, de modo a comissioná-lo e a encorajá-lo. A coragem aqui requisitada é o resultado directo da Palavra e de se conhecer a vontade de Deus (veja Efé. 5:9-10). Em paralelo, Josué é recordado de que fora preparado e treinado para isto, enquanto servo de Moisés (1:1).

A instrução de Josué no versículo 1 equivale a obtermos compreensão bíblica. É isto que forma o alicerce para a coragem e convicção, bem como para a fé e acção. Temos de orar e procurar a vontade e sabedoria de Deus. O fundamento inicial da coragem consiste em conhecer a Palavra e a vontade de Deus.

Ser o substituto de Moisés ilustra dois princípios-chave: (1) O princípio de ter um exemplo piedoso (1 Tim. 4; 1 Ped. 5:1-3). (2) O princípio de Lucas 16:10 e respectivo impacto no desenvolvimento de coragem e motivação para o ministério. Josué fora fiel nas pequenas coisas, e seria fiel em muito mais. O serviço nas maiores áreas de responsabilidade começa com fidelidade em coisas mais pequenas. Cada um de nós precisa de encontrar um lugar para servir e crescer. É possível que tal venha a constituir o treino inicial para outras áreas de ministério, para as quais Deus o poderá estar a chamar.

“Moisés, meu servo, é morto” (vs. 2). Esta afirmação lembra-nos que ninguém é indispensável e que a liderança muda. Se não treinamos outros nem somos treinados, deixamos buracos abertos (2 Tim. 2:2).

“Levanta-te, pois, agora” enfatiza a necessidade de acção decisiva capaz de preencher o vazio deixado pela ausência de Moisés. Isto é verdadeiro para todos nós no ministério, sempre que, por qualquer razão, se gera um vazio pela remoção dos servos de Deus. Um verdadeiro sentido de urgência é sempre um elemento vital na resolução e acção que preencham aquela necessidade; é parte da raiz que produz o fruto. Mas existe outro componente essencial à coragem e decisão no que toca a fazer a vontade de Deus.

(2) A força e a coragem provêm de Repousar nas promessas de Deus (1:2b-6).

Repare, por favor, que as promessas aqui dadas a Josué foram conferidas em relação ao ministério e à obra que Deus o chamara a desempenhar. Isto aplica-se a cada um de nós, independentemente do ministério particular para o qual Deus nos tenha convocado no corpo de Cristo. Leia estes versículos cuidadosamente e veja a aplicabilidade que lhes pode dar na sua vida. Sente o chamamento de Deus na sua vida para O servir de um modo particular, mas tem medo? Receia o fracasso? Tem medo de quanto lhe possa custar? Medite nestes versículos.

Podemos ainda atentar a alguns dos obstáculos observáveis nesta passagem, uma vez que, ao reclamarmos as promessas de Deus, a fé terá de enfrentar obstáculos.

“Passa este Jordão.” Na Escritura, o Jordão representa frequentemente um obstáculo, um impedimento ao crescimento, ministério e progresso. Existe uma boa razão para acreditar que as margens do Jordão se encontravam inundadas nesta altura do ano (compare com Jos. 3:15; 4:18). Esta é uma das razões pelas quais a coragem é necessária.

Paralelamente, cruzar o Jordão significava entrar numa terra hostil, num país repleto de inimigos, alguns dos quais eram gigantes e habitavam em cidades amplamente fortificadas. Este não era um desafio simples. Recorde: a geração anterior falhara em Cades devido a falta de coragem. Mas ainda há mais.

“Tu e todo este povo.” Não se tratava de um grupo pequeno! Os números faziam disto uma tarefa colossal. Josué tinha a responsabilidade de liderar um povo conhecido por ter uma cerviz dura e por apedrejar os seus líderes. A palavra “todo” lembra-nos que é vontade de Deus que todo o Seu povo amadureça e se fortaleça, cumprindo a Sua vontade e usufruindo de vidas vitoriosas.

Não obstante, independentemente dos obstáculos, a vontade de Deus fora claramente transmitida a Josué. Ele necessitava de agir em relação a esse facto através de fé na pessoa, promessas e provisão do Senhor.

Concentremo-nos na promessa do versículo 2b:à terra que eu dou aos filhos de Israel” (vs. 2). Adicionalmente, repare nas palavras “vo-lo tenho dado” (vs. 3). O povo estava prestes a entrar na Terra Prometida, o país prometido aos patriarcas, a Abraão, Isaac e Jacob ou Israel, pelo próprio Deus, que não pode recuar nas Suas promessas. De facto, Ele começara a preparar os habitantes nativos para a derrota (compare com 2:9 ss). A terra começara a pertencer-lhes há quarenta anos atrás, mas não tinham conseguido entrar nela devido a descrença e falta de coragem.

A Palavra de Deus encontra-se repleta de centenas de promessas (vss. 3-6, 9). Essencialmente, cada princípio da Escritura torna-se uma promessa, pois com tal princípio vem a promessa inerente de Deus, que É veracidade perfeita, de modo a podermos confiar nesse princípio. Porém, temos de conhecer essas promessas e agir nelas pela fé. As promessas de Deus são conferidas de modo a nos transportarem através do Jordão da vida – não necessariamente para o remover do nosso caminho, mas sim para nos capacitar a avançar e a atravessá-lo com fé. Não nos são dadas para que evitemos os obstáculos ou tentemos ir à volta, mas sim para que os cruzemos vitoriosamente.

Como reclamamos e agimos baseados nessas promessas? Como fazemos dessas promessas parte das nossas vidas?

(3) A força e a coragem provêm da Renovação diária nos Princípios de Deus (1:7-8).

De acordo com uma definição bíblica de sucesso, um ministério bem-sucedido está em última análise relacionado com uma aprendizagem e estudo sólido da Bíblia, em detrimento dos nossos métodos humanos, técnicas e estratégias que, com demasiada frequência, recorrem à pressão, coacção e manipulação a fim de permitirem o alcance dos nossos planos ou resultados.

A Palavra é intrinsecamente poderosa e capaz de produzir uma mudança piedosa nas vidas dos fiéis, uma vez que motiva, encoraja, dá esperança e direcção, e expõe-nos quer às nossas necessidades, quer à provisão de Deus. A Palavra foi-nos concedida no sentido de estabelecer uma relação comunicativa com Deus. É um meio de comunhão com Ele. Contudo, tal leva o seu tempo – tempo de qualidade e diligência. Repare na ênfase conferida a este assunto ao longo dos versículos seguintes. “Fazer conforme a toda a lei…; dela não te desvies…” (vs. 7), “antes, medita nele, dia e noite…” (vs. 8).

Qual é a nossa tendência? Nos dias de hoje, a pessoa comum procura uma solução rápida – três passos fáceis. Queremos que Deus faça isto por nós agora. Mas este tipo de aproximação não desenvolve uma relação com o Senhor. Uma amizade com Deus, conhecê-lO, tal como qualquer outra relação, leva o seu tempo. É isto que nos propicia sucesso no ministério e na vida, independentemente de para onde vamos ou do que façamos.

O Aviso: Josué foi avisado ou alertado relativamente a três aspectos:

  • “Para que tenhas cuidado” avisa contra o perigo, incita à prudência, observação ou escrutínio cuidadoso, bem como à conscienciosidade (compare com Efé. 5:15).
  • “De fazer conforme a tudo” aponta para o conceito do conselho íntegro da Palavra.
  • “Dela não te desvies” aponta para o conceito da Escritura enquanto nosso indicador ou padrão objectivo, alertando contra a relatividade moral.

O Processo: Josué deveria fazer três coisas em relação às Escrituras:

  • A Lei não deixaria a sua boca; deveria falar sobre ela (compare com Deut. 6:7). Isso seria um meio de se manter ocupado com os pensamentos e caminhos de Deus.
  • Meditaria nela dia e noite; deveria pensar nela constantemente (compare com Salmos 1:2; 119:97). De forma a ser capaz de falar sobre dela e de a aplicar, a pessoa tem de a conhecer e ver como se aplica. Temos de a manter na nossa mente e coração, de modo a que nos fortifique, encoraje e dirija.
  • Deveria fazer tudo o que nela estivesse escrito, conduzindo a sua vida em obediência a todas as suas ordens (compare com Ed 7:10; Tiago 1:22‑25).

(4) A força e a coragem provêm de Contar com a Pessoa e presença de Deus (1:9).

Por último, mas não menos importante, há que considerar a presença de Deus, sempre atenta e protectora. Não existe situação, problema ou inimigo que alguma vez enfrentemos sós. O Senhor está sempre lá, como nosso suporte e provisão constantes. Se estamos preocupados com o nosso ministério ou com qualquer outra coisa, podemos ficar absolutamente certos de que Deus está infinitamente mais preocupado do que nós. Basta-nos caminhar na luz da Sua presença, contando com a Sua orientação, suporte, provisão e cuidado, ao mantermos n'Ele o nosso foco (Heb. 12:1-2).

“Não to mandei eu.” Qual é o ponto importante aqui? É a fonte do comando e das promessas. O “eu” refere-se a Yahweh. Atente ao que se segue.

“Porque o Senhor (Yahweh), teu Deus (Elohim), é contigo, por onde quer que andares.” Estas palavras enfatizam a natureza daquele que deu o comando. Elas canalizam a nossa atenção para quem e o que é Deus. Um dos segredos para a audácia e coragem é a consciência da provisão e presença de Deus, especialmente da Sua presença enquanto aquele que prometeu nunca nos abandonar.

Compare João 20:19 e o medo dos discípulos antes de experienciarem a presença de Cristo ressuscitado e a promessa da Sua presença imperecível (compare com Mt. 28:18-20) com a ousadia que demonstraram em Actos 4:13-20. O que fez a diferença nos discípulos? Estes eram agora homens confiantes na presença de Cristo (Mt. 28:18-20), que conheciam a vontade de Deus e a Sua Palavra, e estavam repletos do Espírito de Deus (compare com Actos 4:8). Quando o Espírito Santo assume o controlo sobre a vida de um homem e o instrui na Palavra de Deus, ele não transmite “o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”:

“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação” (2 Timóteo 1:7).

“Temor” é deilia, significando covardia, o oposto da coragem. "Fortaleza" é dunamis, a capacidade de fazermos o que devemos. "Amor" é agaph, uma atitude mental de preocupação sacrificial relativamente aos outros. Implica motivação e capacidade de tomar decisões difíceis. "Moderação" é swfronismos, significando pensamento salutar, um produto da compreensão bíblica, que mantém os nossos medos sob controlo, modifica valores e prioridades e confere coragem e resolução.

Em Hebreus 13:1-3, o autor relembrou aos seus leitores a necessidade de servir os santos. Escreveu, por exemplo, “permaneça o amor fraternal. Não vos esqueçais da hospitalidade, …”. Deus deseja que atendamos às necessidades dos outros, o que requer coragem e obediência, significando por vezes sacrifício. O texto mencionado também nos alerta em relação aos nossos valores e fontes de segurança, lembrando-nos depois da presença e provisão de Deus.

Sejam os vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes; porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei.

E assim, com confiança, ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem. (Heb. 13:5-6)

À medida que enfrentamos os desafios, oportunidades e o chamamento de Deus, lembremos estas três promessas feitas por Deus a Josué. Com a convocação de Deus para o serviço, chega sempre a provisão apropriada d'Ele. O problema não reside no Senhor, mas sim na nossa responsabilidade quanto a seguir as Suas admoestações tal como foram dadas a Josué.

Josué Fala ao Povo
(1:10-15)

10 Então deu ordem Josué aos príncipes do povo, dizendo: 11 Passai pelo meio do arraial e ordenai ao povo, dizendo: Provede-vos de comida, porque dentro de três dias passareis este Jordão, para que entreis a possuir a terra que vos dá o Senhor, vosso Deus, para que a possuais.

12 E falou Josué aos rubenitas, e aos gaditas, e à meia tribo de Manassés, dizendo: 13 Lembrai-vos da palavra que vos mandou Moisés, o servo do Senhor, dizendo: O Senhor, vosso Deus, vos dá descanso, e vos dá esta terra. 14 As vossas mulheres, os vossos meninos e o vosso gado fiquem na terra que Moisés vos deu, desta banda do Jordão; porém vós passareis armados na frente dos vossos irmãos, todos os valentes e valorosos, e ajudá-los-eis; 15 Até que o Senhor dê descanso aos vossos irmãos, como a vós, e eles também possuam a terra que o Senhor, vosso Deus, lhes dá; então tornareis à terra da vossa herança, e possuireis a que vos deu Moisés, o servo do Senhor, desta banda do Jordão, para o nascente do sol.

Na nossa lição anterior, a mensagem principal consistia na revelação de Deus a Josué, concernente às Suas promessas, aos Seus propósitos para a nação, aos grandes princípios da Lei e à Sua presença permanente. É isto que forma o pano de fundo, a motivação e inspiração para a secção presente e tudo o que se segue. Agora, nos versículos 10-15, Josué incita o povo a agir à luz da revelação e promessas de Deus. Aqui, o conceito-chave é a resposta imediata e obediente de Josué, independentemente dos obstáculos à sua frente. Há nesta secção uma nota de urgência, certeza, expectativa e fé nas ordens de Josué ao povo. Como Deus ordenara, o novo líder estava a assumir o controlo, seguindo com confiança as ordens do Senhor.

(1) Assim fez imediatamente, sem demora ou procrastinação. Há um adágio antigo, “Bata o martelo, enquanto o ferro está quente”. Quanto mais nos demoramos, mais relutantes ficamos quanto a obedecer aos requerimentos de Deus. A demora também pode ser desobediência. A procrastinação pode evidenciar falta de coração para o chamamento de Deus, bem como falta de zelo pelo Seu povo e glória. Note as palavras em Salmo 119:60, “Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos”.

(2) Assim fez com confiança, mostrando fé no Senhor e coragem para enfrentar a tarefa diante de si. Uma resposta tão imediata evidencia fé na Palavra e confiança no Senhor.

(3) Assim fez com uma compreensão clara quanto àquilo que enfrentavam. Tal enfatiza ainda mais a essência da sua coragem. Primeiro, por experiência pessoal, percebeu o que enfrentavam, pois, quarenta anos antes, fora um dos doze espiões enviados a explorar a terra. É possível que lembrasse com pessimismo o relato negativo dos dez, antecipando uma resposta similar por parte da nova geração. Mas os olhos de Josué repousavam no Senhor com solidez. Demasiadas vezes, enfraquecemos o nosso foco no Senhor e no Seu poder por pensarmos em todos os aspectos negativos, em tudo que pode acontecer se seguirmos em frente. Em segundo lugar, Josué poderá ter sido informado do que enfrentariam através da descrição de dois espiões, que enviara à terra no capítulo 2, provavelmente antes da ordem no versículo 11.2

Ainda assim, Josué e o povo deparavam-se com uma situação que, em muitos aspectos, estabelecia um paralelo com o dilema que Moisés e os israelitas haviam enfrentado no Mar Vermelho (Êx. 14). “Em cada caso, o obstáculo ocorrera no início do ministério do líder. Ambos eram impossíveis de solucionar através de meios naturais. Ambos exigiam dependência implícita e absoluta num Deus operador de milagres.”3

Após quarenta anos a deambular, pensando terem por fim chegado à Terra Prometida, encontram o rio inundando as suas margens (3:15). Enfrentavam o que para eles era uma dificuldade intransponível. A vida é mesmo assim, não é verdade? Tantas vezes, quando as nossas esperanças estão em alta, assim que as coisas parecem estar a correr à nossa maneira, aparecem problemas vindos do nada, e parece que ficamos a contemplar uma travessia impossível. Porém, todas as coisas são possíveis a Deus, que tudo opera em benefício daqueles que O amam (veja Gén. 18:14; Jer. 32:17; Mt. 19:26; Lucas 1:37; 18:27).

Dois assuntos tinham de ser analisados antes que pudessem atravessar o Jordão. Mais tarde, em 3:1 ss, Josué dará instruções específicas quanto à forma como o Jordão deveria ser atravessado mas, primeiro, como um bom líder, avalia a situação de modo responsável, estabelecendo duas coisas a ser feitas.

Planeamento Logístico: Tinham de ser Recolhidas Provisões (1:11)

A comida aqui recolhida fora tomada como espólio das suas conquistas ao longo do deserto. O maná ainda estava disponível, mas não era possível guardá-lo de um dia para o outro sem que se estragasse. Marchariam de Sitim até às margens do Jordão, um trajecto com apenas cerca de oito milhas (aproximadamente treze quilómetros); contudo, dado o número de pessoas e tudo o que estava envolvido, evidentemente não poderiam recolher o maná.

Analogia: O assunto aqui mencionado consiste no sustento que lhes permitisse atravessar e tomar posse das suas possessões, bem como lidar com as batalhas que enfrentariam, mediante fé no poder do Senhor. De modo similar, temos de ser nutridos pelas Palavras da fé, de forma a continuarmos a entrar nas nossas bênçãos em Cristo (compare com 1 Tim. 4:6 ss e Heb. 3:7-19).

Planeamento Estratégico: Um Lembrete de Responsabilidades (1:12-15)

Nos versículos 12-14, Josué recorda as tribos de Gad, Rúben e meia tribo de Manassés das suas promessas e responsabilidades (Núm. 32:16-32; Deut. 3:12-20). Vemos neste facto uma chave para o sucesso de Josué.

(1) Ele estava a obedecer à sua missão de “fazer conforme a toda a lei de Moisés”.

Ele lembrava-se e procurava viver segundo os princípios e promessas da Palavra. Compare com 1:13, “Lembrai-vos da palavra que vos mandou Moisés”. Esta tornara-se a Palavra para Israel.

(2) Ele relembrou a Palavra ao povo. A sua autoridade para o desafio frente às duas tribos e meia consistia na Palavra do Senhor.

“O que estimulou Josué a procurar a cooperação deles não foi prudência natural ou um espírito de conveniência.”4 Não se tratou apenas de procurar mais ajuda por os seus recursos serem insuficientes. Não consistiu em pedir isto como um favor para si mesmo. Não, o apelo e autoridade provieram das ordens factuais da Palavra de Deus. Os servos de Deus devem aprender a confiar no poder da Palavra quanto a motivar e servir outros e a realizar os propósitos de Deus.

Em princípio, porém, esta ordem de Moisés, aqui reiterada por Josué, promovia o conceito do povo de Deus como uma equipa. Ele delegava tarefas específicas para estas pessoas. Cada indivíduo era necessário, tendo de fazer a sua parte. Agiriam como tropas de choque, indo diante dos seus irmãos.

Existe ainda um outro factor. Nas palavras do versículo 13b, “O Senhor, vosso Deus, vos dá descanso, e vos dá esta terra”, seguidas das palavras do versículo 15, “até que o Senhor dê descanso aos vossos irmãos, como a vós, …”, Josué lembrava-lhes as suas obrigações face ao seu povo, colocando sobre eles uma obrigação adicional, baseada na gratidão por aquilo que Deus já fizera em seu favor.

A Resposta do Povo
(1:16-18)

16 Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e onde quer que nos enviares iremos. 17 Como em tudo ouvimos a Moisés, assim te ouviremos a ti: tão somente que o Senhor, teu Deus, seja contigo, como foi com Moisés. 18 Todo o homem que for rebelde à tua boca, e não ouvir as tuas palavras, em tudo quanto lhe mandares, morrerá: tão somente esforça-te, e tem bom ânimo.

Em qualquer iniciativa bem-sucedida da parte do povo de Deus, é essencial que os líderes obtenham o apoio do povo a fim de que a obra avance. Poderíamos intitular esta secção de Encorajamento de Josué. Ele honrara a Palavra de Deus, e agora era Deus que honrava Josué, incitando o povo a responder-lhe. É tremendamente encorajador para os líderes e restantes pessoas quando o povo é responsivo à Palavra, mostrando obediência e compromisso. Pela mesma razão, pode ser desencorajador ver o contrário a acontecer. Em tempos assim, tanto os líderes como o povo devem continuar a confiar no Senhor, examinando os seus ministérios e procurando que o Senhor os estimule à obediência em vez de recorrerem a algum tipo de manipulação ou coacção.

O povo não só estava disposto a obedecer, como também se propunha a lidar com a desobediência que surgisse, devido ao efeito desmoralizador sobre os demais e à desonra que tal traria ao Senhor. Esta acção é sempre crucial para qualquer povo de Deus.

Aplicação: Esta secção ilustra a necessidade da aplicação cuidadosa e amorosa da disciplina eclesiástica no corpo. Tal nunca é fácil. Requer compromisso real, devendo sempre ser feito com vista à reconciliação e recuperação de um crente pecador.

A afirmação “tão somente que o Senhor, teu Deus, seja contigo, como foi com Moisés” pode ser interpretada de duas maneiras. É possível considerá-la uma condição, desejo ou súplica. Se interpretada como condição, as pessoas estavam a dizer que queriam evidência clara quanto a Josué ser guiado por Deus, constatando que ele era verdadeiramente o homem de Deus, caminhando com o Senhor. Se tomada enquanto súplica ou desejo, demonstra o reconhecimento do favor de Deus como necessário para alcançar o sucesso. Comprova o facto de que reconheciam ser insuficientes para a tarefa, mas que o Senhor era suficiente. Precisavam de um líder que estivesse em contacto com o Deus vivo.

Aplicação: Nisto constatamos a necessidade dos líderes espirituais serem exemplos para o rebanho (Heb. 13:7). As pessoas querem ver e precisam de realidade espiritual madura nos seus líderes. Foi por este motivo que Paulo encorajou Timóteo com as seguintes palavras:

1 Timóteo 4:11-16. Manda estas coisas e ensina-as. 12 Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. 13 Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá. 14 Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério. 15 Medita nestas coisas; ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. 16 Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina, persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.

Texto original de J. Hampton Keathley, III.

Tradução de C. Oliveira.


1 J. Oswald Sanders, Spiritual Leadership, Moody Press, 1967, pp. 78-79.

2 O que se encontra descrito em 3:2 pode ser igual a 1:11 ou ter sucedido a esse acontecimento.

3 D.K. Campbell, Joshua: Leader Under Fire, Victor Books, Wheaton, 1981, p. 12.

4 Arthur Pink, Gleanings in Joshua, Moody Press, Chicago, 1964, p. 50.

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