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12. A Imutabilidade De Deus

Introdução

Após decidir trocar seu automóvel, uma família que conheço determinou finalmente que a melhor decisão seria comprar uma minivan nova. Embora fosse cara, eles planejaram cuidar muito bem do veículo e fazê-lo durar por muitos anos. Enquanto ele ainda era virtualmente novo, eles fizeram uma viagem. A correia que movimenta a direção hidráulica e o alternador para a bomba d’água, quebrou, e o carro superaqueceu. Eles imaginavam quanto o superaquecimento causou de dano, e eu não fui capaz de dar a eles muito encorajamento. O vendedor garantiu para eles que uma nova correia concertaria o carro inteiramente. No caminho de volta de um piquenique para casa, eles foram pegos numa tempestade repentina e atingidos com granizo do tamanho de uma bola de golfe durante um tempo suficiente para dar ao carro inteiro uma aparência ondeada. Logo depois, enquanto dirigindo no centro da cidade, alguém bateu na traseira da minivan danificando-a ainda mais. Meu amigo me disse que chegaram ao ponto de até pararem de lavar o carro.

O carro novo do meu amigo envelheceu rapidamente em pouco tempo. As coisas mudam tão rapidamente. Muito frequentemente, mudança é uma realidade desagradável da vida que evitaríamos se pudéssemos. Recentemente encontrei uma das nossas primeiras diretorias da igreja. Puxa, ter alguns dos nossos amigos mudados!Alguns não têm mais o que eles costumavam ter, e alguns de nós têm uma quantidade maior de algumas coisas do que tínhamos antes. Uma olhada no mapa do mundo de 20 anos atrás revela a existência de nações que não eram nem concebidas 20 anos atrás. As mudanças recentes na antiga URSS vieram rápida e inesperadamente.

A tecnologia viu talvez as mais dramáticas mudanças nos tempos recentes. Computadores que uma vez sonhei de possuir agora vejo em bazares e escolho ir embora dificilmente com uma pontada de dor de tentação, mesmo embora o preço seja abaixo de dez dólares. O computador no qual estou escrevendo esta mensagem é 50 vezes mais rápido do que o primeiro computador de mesa IBM que usei, o qual custa o dobro. As coisas mudam tão depressa que não podemos confiar num jornal diário para notícias de última hora; devemos ter programas de notícias durante o dia todo. Um fazendeiro que encontrei recentemente tem um terminal de computador na sua mesa de cozinha funcionando constantemente assim ele pode se manter atualizado.

Algumas mudanças são bem vindas; outras não. Um grande conforto para os Cristãos que vivem nestes tempos turbulentos e problemáticos é a confiança que temos de que Deus não muda. Teólogos referem a este atributo de Deus como a “imutabilidade de Deus”. Deus não muda. Esta verdade é registrada inúmeras vezes nas Escrituras e mesmo nos hinos que cantamos na igreja. Reflitamos neste grande atributo, a imutabilidade de Deus, antes de considerarmos as aplicações desta verdade nas nossas vidas.

Deus Não Muda

29 - E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa. (I Samuel 15:29).

Saul tornou-se rei de Israel. Como tal, ele teve de liderar os Israelitas na batalha contra os Amalequitas. Ele foi instruído por Deus para destruir totalmente o rei e cada criatura viva, homem, mulher, criança, e mesmo todo o gado (I Samuel 15:2-3). Saul obedeceu às instruções de Deus somente parcialmente, permitindo ao rei viver e mantendo o melhor do gado (versículos 7-9). Saul simplesmente não levou a sério a Palavra de Deus. Como resultado, Deus tirou seu reinado (versículos 22-26). Saul então expressou um pedido desesperado para Samuel, na esperança que Deus restauraria seu reinado; em lugar disto, Samuel expressou as palavras do versículo 29. Samuel informou a Saul que Deus, a Glória de Israel, não era um homem. Porém como um Deus imutável, Ele poderia e não alteraria Sua palavra ou mudaria Sua mente para reverter as consequências que Ele tinha pronunciado sobre o pecado de Saul. Saul, como muitas pessoas hoje em dia, deliberadamente desobedeceu a Palavra de Deus esperando que Deus de alguma forma deixasse de fazer como Ele disse. Saul teve muito pouca consideração pela Palavra de Deus e não viu quão sério Deus é em relação à desobediência da Sua Palavra. Ele esperava que Deus fosse levar Sua própria Palavra levemente revertendo a sentença que Ele tinha pronunciado contra o pecador. Deus sempre leva Sua Palavra muito seriamente. Ele não somente espera e requer de nós que Lhe obedeçamos, como Ele muito certamente irá manter Sua Palavra em relação à punição daqueles que a desconsideram. Deus, porque Ele é Deus, é imutável, e podemos estar certos de que Ele irá manter a Sua Palavra. Todas as demais coisas na criação estão sujeitas à mudança exceto o Criador, pois Ele, como Deus, não mudará:

12 - Mas tu, SENHOR, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração. 25 - Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. 26 - Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. 27 - Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim. 28 - Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti. (Salmo 102:12, 25-28).

6 - Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. (Malaquias 3:6).

Em Malaquias, o profeta adverte a nação de Israel da ira vindoura de Deus. Ele fala da vinda de ambos, João Batista e de Jesus, o Messias (3:1). O dia da Sua vinda será um dia de ira, e também será um dia de libertação e salvação. Ninguém pode suportar o dia da Sua vinda, fora da divina graça (versículo 2), e assim de alguma foram Israel será purificada, e seus sacrifícios e louvores serão aceitos por Deus (versículos 3-4). Deus irá trazer Seu povo para julgamento (versículo 6). No meio destas palavras de alerta e conforto, o Senhor fala da Sua imutabilidade como a razão para Israel não ser totalmente consumida em julgamento divino (versículo 6).

Que ironia quando comparamos este texto com I Samuel 15:29. A “esperança” de Saul estava na possibilidade de que Deus pudesse mudar e não levasse adiante as consequências para o seu pecado.  A profecia de Malaquias nos diz exatamente o contrário. Como Saul, Israel pecou, e o julgamento divino é certo. A imutabilidade de Deus significa que Deus irá continuar com o julgamento. Também significa que Deus continuará com a Sua promessa de salvação. Como alguém pode achar conforto e ser assegurado de salvação enquanto também for assegurado do julgamento divino? A resposta é simples quando vista da perspectiva da cruz de Cristo. O julgamento certo de Deus caiu em Seu Filho, Jesus Cristo, e, portanto pela fé Nele, os homens são salvos dos seus pecados e da ira de Deus. Nossa esperança não é no pensamento desejando que Deus não continue com a punição do pecado; nossa esperança é na certeza de que, em Cristo, Deus julgou o pecado na carne de uma vez por todas e assim podemos ser salvos. A imutabilidade de Deus é uma parte significativa da nossa esperança, pois Ele que prometeu julgar o pecado é o mesmo Deus que prometeu nos salvar dos nossos pecados julgando o pecado na pessoa e obra de Jesus Cristo, Seu Filho.

7 - Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. 8 - Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. 9 - Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. (Hebreus 13:7-9).

O Livro de Hebreus foi escrito para os Judeus santos que estavam começando a enfrentar perseguição, provavelmente dos seus irmãos Judeus não crentes. Eles eram tentados a cair renunciando sua fé em Cristo e abraçando o Judaísmo novamente. O autor desta epístola repetidamente demonstrou que a velha aliança Mosaica nunca pretendeu salvar os homens, porém prepara-los para a nova aliança a qual foi realizada em Cristo. Esta nova aliança é “melhor”, uma palavra chave em Hebreus, e não deveria ser abandonada para retornar à velha. Estes santos eram exortados a persistirem em sua fé, mesmo no meio da perseguição. A exortação de seguir os passos dos homens fiéis através dos quais eles chegaram à salvação é seguida imediatamente por esta lembrança da imutabilidade de Jesus Cristo.

8 - Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (Hebreus 13:8).

Esta declaração é muito importante, pois é uma alegação de divindade. Somente Deus é imutável; somente Ele não pode mudar e não muda. Para o escritor nos dizer que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente é para nos lembrar de que Ele é Deus. Não é de admirar que o Seu sacrifício é superior a qualquer um e a todos sacrifícios do Velho Testamento! Também é um incentivo à fé. Quem melhor para confiar nossa salvação e eterno bem-estar do que Ele que não é somente Deus, porém é O que não pode mudar e não muda. Nosso destino eterno não poderia estar em melhores mãos.

17 - Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tiago 1:17).

Como o escritor de Hebreus, Tiago escreve para aqueles que estavam sofrendo perseguição pela sua fé. Ele instrui a eles para se regozijarem quando entrarem em provações, sabendo que isto é divinamente pretendido para aumentar nossa fé pela produção da perseverança (Tiago 1:2-4; compare Romanos 5:3-5). Se a alguém falta sabedoria para saber como responder às provações da vida, ela precisa somente pedir a Deus por sabedoria. Ela não deve duvidar, pois tal pessoa é instável em todos os seus caminhos (versículos 6-8). Aqueles que perseveram debaixo de provação irão, quando forem aprovados, receber a coroa da vida (versículo 12)

Enquanto Deus nos testa através de tribulações e provações, Ele nunca nos tenta para pecar. Tal tentação vem de outra fonte. O mundo e o demônio certamente procuram nos extraviar, porém devemos também olhar dentro de nós mesmos para a explicação pelo nosso pecado. Um homem que é tentado e então peca ele o faz porque ele deu lugar à sua própria luxuria. Não devemos certamente culpar a Deus (versículos 13-15). Deus não é certamente a fonte do mal, porém a fonte do bem. Cada coisa boa provém de Deus como uma dádiva. Somente coisas boas provêm de Deus. Desde que Ele é imutável, podemos dizer que isto é uma regra, e que não há exceções. O Deus que é bom, e a fonte de tudo o que é bom, é consistentemente bom para aqueles que são Seus (versículo 17; veja também Romanos 8:28).

Nestes quatro textos, dois dos quais são do Velho Testamento e dois do Novo, vemos que a imutabilidade de Deus é claramente ensinada na Bíblia e que ela é uma verdade intensamente prática. Antes de considerarmos as implicações práticas da imutabilidade de Deus, lidemos primeiro brevemente com duas circunstâncias com as quais alguém possa erradamente concluir que Deus não é imutável. Em várias ocasiões, as Escrituras falam de Deus se “arrependendo” ou “mudando Sua mente” (veja Gênesis 6:5-6; Êxodo 32:14; Jonas 3:10; II Samuel 24:16). Tais textos comprometem nossa confiança na imutabilidade de Deus? Certamente não! Primeiro, devemos esclarecer o que imutabilidade significa. Imutabilidade se aplica à natureza de Deus. Ele é sempre Deus, e Ele é sempre infinitamente poderoso. Nunca Deus falhará em cumprir Seu desejo devido à mudança em Seu poder para cumprir Seus propósitos. Segundo, Deus é imutável em relação ao Seu caráter ou atributos:

“… Deus é imutável em Seus atributos. Quaisquer que fossem os atributos de Deus antes da criação do universo, eles são precisamente os mesmos agora, e irão permanecer assim para sempre. Necessariamente assim; pois eles são as mesmas perfeições, as qualidades essenciais do Seu ser. Semper idem (sempre o mesmo) está escrito através de cada um deles. Seu poder é intenso. Sua sabedoria não reduzida, Sua santidade imaculada. Os atributos de Deus não podem mudar mais do que a divindade possa cessar de ser. Sua veracidade é imutável, pois Sua Palavra é “para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu” (Salmo 119:89).

Seu amor é eterno: “com amor eterno te amei,” (Jeremias 31:3) e, “como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (João 13:1).

Sua misericórdia não cessa, pois ela é “eterna” (Salmo 100:5).1

Quando Jonas protestou contra os negócios de Deus com os Ninivitas, ele deixou claro que Deus não estava agindo inconsistentemente com o Seu caráter, porém ao contrário Ele estava agindo de maneira previsível. Jonas pensou fugir da presença de Deus numa tentativa fútil de frustrar Deus de agir consistentemente com o Seu caráter:

1 - MAS isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. 2 - E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. (Jonas 4:1-2).

Quando Deus “cedeu em relação à calamidade a qual Ele declarou que Ele iria trazer sobre” os Ninivitas, Deus não estava somente agindo consistentemente com Seu caráter; Ele estava consistentemente agindo com Sua Palavra:

7 - No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, 8 - Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. (Jeremias 18:7-8).

Esta esperança incentivou o rei dos Ninivitas se arrepender, juntamente com o restante da cidade (Jonas 3:5-9). As ações de Deus são previsíveis porque Ele é imutável. Esta foi à esperança do arrependido rei dos Ninivitas e o receio do profeta Jonas.

Terceiro: os propósitos e as promessas de Deus são imutáveis (veja Romanos 11:29).2 Deus termina o que Ele começa. Esta foi a base para o apelo de Moisés a Deus em Êxodo 32 (versículos 11-14). Aqui, as ações de Deus em resposta ao apelo de Moisés não eram uma contradição à Sua imutabilidade, porém uma confirmação daquela imutabilidade.

As várias dispensações evidentes na Bíblia3 não são contradições à imutabilidade de Deus. A imutabilidade de Deus não O impede de incorporar diferentes economias no Seu plano geral de redenção. Em Romanos 9-11, o apóstolo Paulo mostra como toda a história é uma parte do plano eterno de Deus. A falha da nação de Israel e a salvação dos Gentios são parte deste plano. As Escrituras do Velho Testamento frequentemente falam de tais assuntos, embora os Judeus não fossem abertos a ouvir ou aprender. Cedo em Seu ministério terreno, Jesus lembrou Seus irmãos Judeus do propósito de Deus de abençoar os Gentios assim como os Judeus, consistente com a aliança Abrâmica (Gênesis 12:1-3) e com muitos outros textos (ver Lucas 4:16-27; Romanos 9-11).

Pedro e a Imutabilidade de Deus

Quando considerei o assunto da imutabilidade de Deus, fiquei impressionado com a ênfase de Pedro nesta realidade. A imutabilidade de Deus permeia seus pensamentos e é a base para muito do que Pedro ensina. Primeiro achamos esta doutrina referida no sermão de Pedro em Pentecoste registrada em Atos 2. Pedro estava proclamando a ressurreição de Jesus Cristo da morte, não somente como um fato histórico do qual os apóstolos eram testemunhas, porém também como cumprimento das Escrituras (veja Atos 2:22-35). Ele estava argumentando também que a ressurreição de nosso Senhor era uma necessidade teológica e prática, procedente da doutrina da imutabilidade de Deus:

22 - Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; 23 - A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; 24 - Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela; 25 - Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; 26 - Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; 27 - Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; (Atos 2:22-27).

Pedro mantém que “foi impossível” para o nosso Senhor não se levantar da morte (versículo 24). Por que isto é assim? Pedro então cita o Salmo 16, versículos 8-11, onde a profecia declara, “nem permitirás que o teu Santo veja corrupção (decadência).” Decadência é uma mudança de estado, uma mudança para baixo. Desde que Jesus Cristo é Deus e Deus não pode decair, Deus não decai. Não foi impossível para Jesus levantar da morte como alguns podem argumentar. Ao contrário, foi impossível para Ele não levantar porque Ele é imutável, e decadência é mudança. Pode ter havido mau cheiro de morte no túmulo de Lázaro após três dias (ver João 11:39), porém não houve mau cheiro no túmulo onde Jesus foi colocado. Foi impossível para Ele sofrer decadência. A ressurreição de nosso Senhor foi uma necessidade teológica.

Na primeira epístola de Pedro, a imutabilidade de Deus e Suas obras são proeminentes. Em I Pedro 1:3-9, Pedro fala da nossa salvação a qual é incorruptível ao contrário da que é corruptível. Ele fala da nossa herança como incorruptível (versículo 4) e também nossa fé (versículo 7). Nos versículos 18-19, Pedro fala do derramamento de sangue de nosso Senhor como precioso porque é incorruptível. A expiação pela qual nossa salvação foi alcançada foi por meio de um sacrifício incorruptível assim que nossa salvação é da mesma forma incorruptível. Nos versículos 22-25, Pedro continua falando da Palavra de Deus como incorruptível. É esta Palavra que serve como a semente incorruptível pela qual fomos gerados. Desde nosso nascimento é através de uma semente incorruptível, não somente é a Palavra incorruptível, mas também nossa vida e nosso amor que nascem da Palavra. Finalmente, em I Pedro 5:4, Pedro fala aos anciãos da sua recompensa incorruptível, a “a incorruptível coroa de glória”. Nossa salvação é segura porque é incorruptível. Portanto nossa salvação, como Deus, é imutável.

Conclusão

A imutabilidade de Deus está longe de ser somente uma observação teológica ou uma verdade hipotética. É uma verdade transformadora de vida da qual podemos tirar um número de implicações para nossas vidas.

(1) A imutabilidade de Deus tem implicações tremendas em relação a Bíblia, a Palavra de Deus.

J.I. Packer, no seu excelente livro, Conhecendo Deus, inclui um capítulo na imutabilidade de Deus, onde ele enfatiza a relevância deste atributo para nossas vidas como Cristãos:

Onde está o senso de distância e diferença, então, entre crentes no tempo da Bíblia e nós mesmos? Está excluído. Em que termos? Em termos de que Deus não muda. Comunhão com Ele, confiar na Sua palavra, viver pela fé, “firmes nas promessas de Deus”, são essencialmente as mesmas realidades para nós hoje como eram para os crentes do Velho e Novo Testamento. Este pensamento traz conforto à medida que entramos nas perplexidades de cada dia; entre todas as mudanças e incertezas da vida numa era nuclear, Deus e Seu Cristo permanecem o mesmo – poderoso para salvar. Porém o pensamento traz um desafio também. Se nosso Deus é o mesmo Deus dos crentes do Novo Testamento, como podemos nos justificar em conteúdo restante com uma experiência de comunhão com Ele, e um nível de conduta Cristã, que fica tão abaixo deles? “Se o Deus é o mesmo, esta não é uma questão que qualquer um de nós pode evitar”.4

A imutabilidade de Deus está intimamente relacionada com a imutabilidade da Palavra de Deus (Mateus 24:35; I Pedro 1:2-25), o que significa que a Sua Palavra nunca está desatualizada, nunca irrelevante para nossas vidas ou épocas.

(2) A imutabilidade de Deus é uma certeza para os Cristãos

Certeza provê estabilidade e confiança em tempos de incerteza e circunstâncias que parecem ameaçadoras. Porque nosso Deus não muda, Suas promessas e Seus propósitos são certos; eles não podem, e eles não falharão. Temos um sacrifício incorruptível, o sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo, que consumou redenção eterna para todos aqueles que o recebem (I Pedro 1:3-9, 17-21; Hebreus 9:12). Temos um “reino que não pode ser abalado” (Hebreus 12:28). Temos um Deus que lida conosco consistentemente com Seu caráter e Sua Palavra (veja Tiago 1:12-28). Temos um Grande Sacerdote que “permanece para sempre e tem um sacerdócio perpétuo” (Hebreus 7:24). Nossa esperança e confiança não são na “incerteza dos ricos”, porém ao contrário em “ Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (I Timóteo 6:17). O profeta Isaías contrastou a “criação que muda com o Criador que não muda” como um encorajamento para a certeza e fidelidade, mesmo nos dias negros da história (Isaías 50:7-51:16).

(3) A imutabilidade de Deus é um padrão para os Cristãos.

Como “filhos de Deus” devemos imitar a Deus, refleti-Lo em nossas vidas diárias (veja Mateus 5:43-48). Enquanto existe muita necessidade de mudança em nossas vidas (sobre a qual falaremos num momento), há também a necessidade de não mudarmos. Não devemos permitir que o mundo nos mude conformando-nos com o seu modelo herege (Romanos 12:1-2). Não devemos mudar perdendo o coração e abandonando nossa confissão de fé (veja Hebreus 6:11-20; 10:19-25, 32-39). Não devemos mudar abandonando nossos compromissos quando os cumprindo é oneroso para nós (Salmo 15:4).

(4) A imutabilidade de Deus é também um impressionante alerta que Deus irá cumprir Sua Palavra em relação ao julgamento pelo pecado.

A imutabilidade de Deus não é somente uma certeza confortadora em relação às bênçãos que Deus tem prometido, porém também um impressionante alerta de que Deus irá cumprir Sua Palavra em relação ao julgamento pelo pecado. Quando Deus falou para Judá em relação ao julgamento prestes a vir sobre a nação pelos seus pecados, Ele falou de um julgamento que era certo, que não mudaria porque Ele não mudaria Sua mente:

27 - Porque assim diz o SENHOR: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei. 28 - Por isto lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão; porquanto assim o disse, assim o propus, e não me arrependi nem me desviarei disso. (Jeremias 4:27-28).

Em Jeremias 18:7-8, Deus prometeu que Ele iria ceder do desastre que Ele pronunciou contra uma nação ímpia se ela se arrependesse. Aqui em Jeremias 4, Deus indica que o julgamento do qual Ele falou é irreversível. Há um tempo para arrependimento, e durante este tempo os homens podem se arrepender com a certeza de que Deus irá perdoar seus pecados em lugar do julgamento que Ele ameaçou. Porém o tempo para arrependimento termina, e então os homens devem enfrentar as consequências dos seus pecados. Em Jeremias 4, Deus estimula Judá para se arrepender (veja versículo 14), porém seu pleito será ignorado, e assim o julgamento virá. Quando o tempo para arrependimento passar, a ira de Deus certamente virá. Deste ponto, Deus não voltará do julgamento que Ele anunciou através dos Seus profetas. Tal foi o caso nos dias de Noé. O evangelho foi proclamado por mais de 100 anos, porém quando Deus fechou a porta da arca, o tempo para arrependimento passou e o tempo para o julgamento chegou. Deus certamente não “mudará” em relação ao julgamento, uma vez que o tempo para arrependimento passou. Não erre olhando para a graça e misericórdia de Deus ao dar um tempo para arrependimento como uma evidência de apatia divina e certeza de que Deus não julgará os homens pelos seus pecados. Julgamento é certo e seguro para os pecadores que se rebelam contra Deus.

Aqui está o terror para o ímpio. Aqueles que O desafiam, quebram Suas leis, não se preocupam com Sua glória, porém vivem suas vidas como se Ele não existisse, não devem supor que, quando finalmente eles gritarem para Ele por misericórdia, Ele irá alterar Sua vontade, revogar Sua palavra, e rescindir Suas ameaças horríveis. Não, Ele declarou, ‘Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei’ (Ezequiel 8:18). Deus não irá negar a Si mesmo para gratificar suas paixões. Deus é santo, imutável. Portanto Deus odeia o pecado, eternamente o odeia. Logo a eternidade da punição de todos os que morrem em seus pecados.

A imutabilidade divina, como a nuvem que se interpôs entre os Israelitas e o exército egípcio, tem um lado escuro assim como um claro. Ela assegura a execução das Suas ameaças, assim como a realização das Suas promessas; e destrói a esperança que o culpado afetuosamente estima que Ele seja todo indulgente para Suas frágeis e enganadas criaturas, e que eles serão tratados muito mais levemente do que as declarações da Sua própria Palavra lidariam como esperado. Opomo-nos a estas especulações enganadoras e presunçosas com a solene verdade, que Deus não muda em veracidade e propósito, em fidelidade e justiça (J. Dick, 1850).5

(5) O ímpio frequentemente emprega mal a imutabilidade de Deus, fazendo-a um pretexto para viver em pecado sem medo de retribuição.

Homens e mulheres pecadores frequentemente abusam da doutrina da imutabilidade de Deus. O Deus imutável é Aquele que é o sustentador de todas as coisas. Naturalmente, todas as coisas continuam como elas são desde a fundação do mundo (Colossenses 1:16-17; veja também II Pedro 3:3-4)  A constância do mundo em que vivemos é um assunto de graça comum, e é um que testifica da Sua bondade e graça. Os descrentes interpretam mal a consistência da ordem da criação, fazendo dela uma “prova” de que Deus não irá julgar o mundo pelo pecado (II Pedro 3:3-4). Como então podemos estar certos do Seu julgamento? (1) Por causa da Palavra de Deus que nos alerta do julgamento, e a Palavra de Deus, como Deus, não muda. (2) Porque a história da Bíblia está cheia de exemplos da intervenção de Deus na história humana para julgar o pecado. Este julgamento toma algumas vezes uma forma espetacular, como a vista no dilúvio (Gênesis 6-7) ou na destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19).

Outras vezes, o julgamento é adiado de forma que os homens possam se arrepender e serem salvos. E algumas vezes o julgamento de Deus chega em forma não reconhecida de imediato como julgamento divino. Este é o caso em Romanos 1:18-32. A ira de Deus está evidente em permitir aos homens sofrerem a degradação e a corrupção do pecado, portanto eles são corrompidos tanto na mente como no corpo. Ele julga pecadores permitindo que eles persistam em seus pecados sem interrupção divina, colhendo então o redemoinho de consequências pelo pecado. Hoje em nossa cultura muitos olham a imoralidade, perversão, e coisas deformadas como progresso, como uma benção. Porém deveríamos vê-la pelo que ela é – julgamento divino – uma pequena amostra do que está por vir.

(6) O Deus que não muda é o único meio pelo qual os homens pecadores podem ser mudados de forma a entrarem nas bênçãos eternas de Deus.

Enquanto Deus não muda, os homens pecadores devem mudar a fim de entrarem no reino de Deus. Esta “mudança” é de um que é um vil pecador, merecedor da ira eterna de Deus, para um pecador perdoado, que agora permanece na justiça de Deus, através da fé em Cristo. É Deus quem prove os meios pelos quais os pecadores podem ser mudados, transformados em novas criaturas, perdoados, justificados, tendo uma esperança imperecível. O que é requerido dos homens é se arrependerem, cessarem de pensar e agir como faziam anteriormente, reconhecerem seus pecados, e confiarem em Jesus Cristo.

Este não é um bom trabalho o qual os homens fazem a fim de ganhar o favor de Deus. Ao contrário, é um bom trabalho o qual Deus realiza em nossas vidas, o resultado da Sua bondade e graça. A única mudança que Deus aceita é a mudança que Ele produz em e através de nós, pelo trabalho de Cristo de do Espírito Santo.

Não há maior receio do que saber que somos pecadores, e que Deus não somente odeia pecado, porém Ele irá certamente julgar os pecadores. Não há conforto a ser achado na imutabilidade de Deus para o pecador. Porém para aqueles que confiaram na provisão de Deus pelos pecadores, não existe maior conforto do que saber de que Deus que nos escolheu, que nos chamou e que nos prometeu salvação eterna não muda.

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Arthur W. Pink, Gleanings in the Godhead (Chicago: Moody Press, 1975), pp. 35-36.

2 Alguns dos propósitos de Deus são temporais e temporários. A aliança Mosaica, por exemplo, foi uma provisão temporária que de nenhuma forma altera ou coloca de lado Sua eterna aliança com Abraão (veja Gálatas 3:17).

3 Deveria ser dito que mesmo os não dispensacionalistas creem em dispensações, que estão em certas distinções no programa de Deus sobre o curso da história bíblica. A não concordância surge não sobre o fato de tais diferenças, porém sobre a interpretação destas diferenças. Como regra, dispensacionalistas tendem a enfatizar as diferenças enquanto teólogos da aliança enfatizam a unidade de todo o plano que abrange as várias dispensações.

4 J. I. Packer, Knowing God (Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1973), p. 72.

5 Arthur W. Pink, Gleanings in the Godhead (Chicago: Moody Press, 1975), p. 37.

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